domingo, 24 de janeiro de 2016

DVORAK E A BELEZA COM A SEREIA DOS CÉUS




A cada dia vou me emocionando mais e mais com a beleza. Agora por exemplo, depois de ver uma foto linda de uma mulher maravilhosa, botei ao acaso um CD que estava guardado sem nunca ter sido ouvido. Perdido em alguma gaveta, recebido de presente não me lembro de quem. Ainda estava com o plástico da embalagem. Totalmente vestido. Com o carinho de quem desnuda uma amante, tirei suas roupas, e carinhosamente no volume máximo botei  a Sinfonia 9 em Mi menor opus 95 “From the New World”de Dvorak, que nunca havia escutado. Apago as luzes e no breu da sala, vejo a imponência da beleza. Que combina com o brilho da foto. E aí vejo que a beleza de tudo que nos cerca está toda conectada. Fecho os olhos e era como se o sol estivesse brilhando dentro da minha cabeça, iluminando tudo. Que viagem! Vejo as primeiras árvores do mundo. As nuvens e os mares. Vejo os pássaros e os animais. Mas não estou só. Eu sei que estou voando. Conduzido por uma sereia dos céus. Que me leva todo o tempo para o pico mais alto. Estou escrevendo com os olhos fechados. Gravando para depois registrar. 

É verdade, estou com os olhos fechados enxergando claramente esta viagem. Assim como esta musica maravilhosa é uma tentativa fracassada do homem em imitar os sons divinos da natureza, o que eu escrevo é também uma fracassada tentativa de imitar os sentimentos divinos e naturais de quem ama. Estou parado, sentado neste tapete voador com esta amorosa sereia das alturas ao meu lado, inundado pela música que não para. E que é o combustível deste tapete mágico. Um mantra tranquilo e sereno nos levando por caminhos tão lindos que não dá para serem descritos. Só para serem sentidos. Passeio pela beleza neste espaço. Exploro todos os cantinhos e sentimentos e sei que não vai acabar nunca por ser um espaço aberto e sem limites. Infinito desde o seu começo. Que é quase impossível de se achar quando não se está aberto para enxergar a beleza. Que quase sempre está ao nosso lado. 


A música parou, mas os olhos teimam em não abrir, aproveitando ainda a inércia do tapete mágico, que embalado pela energia do combustível dvorakiano, flutua leve e solto, aterrizando mansamente nos campos floridos do amor. Os olhos se abrem. Estão molhados, chorando.

Comprovando o gozo diante da beleza.


                   
                  Szyman Bin Moshen                                                 29 de setembro de 2009
                                                          

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